O portal NSC publicou neste mês um levantamento feito com dados do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial de Santa Catarina (CSSPPO) sobre o aumento de homicídios em 53 municípios catarinenses, entre janeiro e maio deste ano.

A cidade de Santa Catarina que teve o maior crescimento na quantidade de homicídios no período foi Itapoá. O município, de pouco mais de 21 mil habitantes, teve aumento de 600%: passou de uma morte para sete. Em seguida vem São Francisco do Sul (400%), São José (275%), Barra Velha (250%) e Videira (200%).
De acordo com a análise, Itapoá e os municípios estão na contramão da tendência de redução desse tipo de crime apresentada no Estado. Nos primeiros cinco meses do ano, houve diminuição de 7% nos homicídios do Estado, se comparado com o mesmo período do ano passado. Além disso, SC teve o menor número de assassinatos no mês de maio desde 2008, com 47 mortes.

Em nota ao Folha Norte SC, o Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial destacou que:
“Santa Catarina tem investido cada vez mais em segurança, tanto que houve queda no número de homicídios em todo o Estado nos primeiros cinco meses do ano. Cada região possui suas particularidades, por isso são feitas reuniões de inteligência para buscar evitar os crimes. No entanto, existem situações que nem as forças de segurança conseguem prever ou evitar, como uma briga entre vizinhos que acaba em morte e desavenças entre traficantes”, explicou em nota.
De acordo com os dados apresentados pelo Colegiado, os motivos dos homicídios identificados em Itapoá são: três mortes ocorreram por desavença: briga de vizinhos, briga entre irmãos e um devido a partilha de produto de furto; três mortes por tráfico de drogas – brigas entre traficantes; uma morte sem maiores detalhes – corpo encontrado com marcas de violência.
Em análise ao histórico de homicídios em Itapoá, a delegada Milena de Fátima Rosa da Polícia Civil do município identificou que no ano de 2015 também houve uma quantidade expressiva de crimes nesta categoria e que, naquela época, a grande maioria estava relacionada com o tráfico de drogas. Milena complementa que, nos anos seguintes, observou-se por meio do Sistema Integrado de Segurança Pública uma baixa de homicídios no município devido a intensa investigação desses crimes, como no ano de 2020 que registrou cinco homicídios e quatro no ano seguinte.
Em 2022, ainda em junho, o município já contabiliza oito homicídios, sendo um a mais ocorrido nesta quarta-feira (22). Milena acredita que este aumento expressivo de homicídios no município pode ter uma razão.
“Pela análise de todos os inquéritos, houve uma descapitalização das organizações criminosas aqui de Itapoá e da região e, também, houve uma intensificação das operações polícias da Polícia Civil em conjunto com a Polícia Militar. A gente conseguiu fazer uma apreensão grande de drogas e de muitos objetos oriundos de furtos e roubos em residências, inclusive de veículos, então, como as organizações atuantes na região ficaram sem recursos, elas estão de forma mais intensa cobrando de sua clientela, está gerando essa intensificação nas cobranças de dívidas”, explicou ao identificar que a maioria dos homicídios deste ano tem relação ao envolvimento com drogas, de indivíduos que estão endividando-se com o consumo de entorpecentes e que são “decretados” pelos traficantes.
A delegada também destaca os números crescentes de homicídios no município causados por conflitos, apontando o caso do homem espancado até a morte neste sábado (18) e a discussão, que resultou em um homicídio, por causa do som alto.
“Além dos casos de envolvimento com o tráfico de drogas a gente tem algumas situações de pessoas, aparentemente, sem envolvimento na criminalidade e acabam se envolvendo em situações extremas por se deixar levar pela emoção do momento”, encerrou.
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Texto: Herison Schorr
Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc