Falta de água em Araquari pode estar com os dias contados

A população araquariense recebeu nesta semana uma notícia que poderá transformar as torneiras do município: o investimento de R$ 35,3 milhões para a construção de uma nova Estação de Tratamento de Água (ETA).

Com capacidade de 200 litros por segundo, a obra inclui a implantação da captação de água no Rio Piraí e adutora de água bruta. O investimento também inclui a implantação de dois reservatórios de água tratada, nos bairros Centro e Itinga, com capacidade de 300 mil litros cada.

Em março desse ano, o Folha Norte SC publicou uma reportagem especial para entender como a comunidade araquariense enfrentava a falta de água no município. Em entrevista ao jornal, o chefe da Agência da Casan em Araquari, Valdeci Ferreira, enfatizou duas questões primordiais que contribuem para escassez hídrica: o crescimento populacional da cidade e a estiagem que o Estado enfrenta.

Há dois anos, nunca tem água de dia, só de madrugada; e, às vezes, nem de madrugada tem”.

Estas são as falas da doméstica Zilma Borba, de 48 anos, moradora da rua São José, no bairro Itinga, em Araquari. Sua rotina é compartilhada por centenas de pessoas que também têm suas vidas alteradas devido a falta de abastecimento de água no município. 

Zilma segue a conversa afirmando que na semana anterior à entrevista concedida ao Folha Norte SC ela e seus vizinhos ficaram quatro dias consecutivos sem água na torneira. “Com aquele calor”, enfatizou.

Na lavanderia, a falta de água é sentida quando a doméstica observa a pilha de roupas para lavar, sem uma gota na torneira; na cozinha, para preparar os alimentos, a história se repete; no banheiro, outro lamento: “Bem difícil tomar banho de caneca”, revela a moradora com a famoso ítem de banho nas mãos. 

“Quando falta direto água tem que tomar banho assim, semana retrasada tomamos por quatro dias”, complementou a mulher que mora com mais duas pessoas e aluga uma casa nos fundos da sua, para mais cinco moradores.

Banho de caneca faz parte da rotina de Zilma, em Araquari. Foto: Acervo

De caminhão pipa a advogados: reivindicações 

Zilma afirma que já tentou buscar por seus direitos, para fazer uso daquilo que é pago todos os meses; no último, R$ 86. Já acionou o Procon, advogados e até solicitou caminhão pipa, mas não obteve sucesso em seus pedidos. O que resta para a doméstica é comprar água, galões que variam em torno de R$ 60 em gastos mensais. 

Perspectivas

Roberta Maas dos Anjos, presidente da Casan, reitera que Araquari sofre com a falta de água à medida que a população cresce, e que as autoridade necessitam acompanhar esse desenvolvimento e oferecer infraestrutura.

“O município vai se tornar independente na questão da água. É uma grande conquista para a cidade”, destacou.

Texto: Herison Schorr

Jornalista formado pela Faculdade Bom Jesus Ielusc

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